Durante a busca por problemas que me dessem inspirações para criar questões para o SIGMAIQ, encontrei uma prova de Olimpíada Nacional de Lógica. Achei a proposta interessante e decidi resolver algumas questões antes de ver o gabarito, como costumo fazer.
Logo me deparei com uma questão visual e intrigante, dessas que chamam a atenção logo de início. Identifiquei os padrões, testei possibilidades e cheguei à melhor solução, que se harmoniza com o que o problema exige. Quando conferi no gabarito, minha resposta para essa questão não batia com a resposta “oficial”.

Enviei a questão ao GPT, que apresentou a mesma resposta do gabarito. Como o GPT costuma ter todas essas provas no seu treinamento, achei que ele poderia conhecer o gabarito e ter apenas repetido a resposta oficial, sem tentar resolver. Quando li a justificativa dele, percebi que não fazia sentido. O “raciocínio” que ele usava para defender a resposta oficial quebrava o padrão lógico que ele mesmo propunha.
A explicação dele dizia que, em uma das linhas, a letra “K” teria desaparecido porque estaria “atrás de um triângulo preto”.
Isso me fez questionar:Se esse comportamento acontece apenas uma vez em toda a figura, como pode fazer parte de uma regra lógica?Por que os outros triângulos pretos não “escondem” nada?Se um evento ocorre uma única vez, ele não representa um padrão — é uma exceção, um acaso. E aqui era apenas um ajuste ad hoc do GPT para salvar a resposta errada do gabarito com uma falácia sem sentido.
Essa falha me chamou atenção não apenas como alguém que gosta de resolver desafios, mas como observadora do processo. Uma Olimpíada Nacional de Lógica, com dez questões no máximo, deveria ter cada problema analisado por diferentes revisores e sob múltiplas interpretações.
Se existir uma lógica que funciona no sentido horário e outra no anti-horário, ambas precisam produzir a mesma solução. Se não for assim, precisa existir algum dado no problema que justifique a escolha do sentido horário o ou o contrário. A mesma coisa se tiver uma regra por fileiras e outra regra por colunas. Podem ser duas regras diferentes, duas maneiras diferentes de resolver, mas ambas precisam chegar na mesma solução.
A lógica precisa funcionar em qualquer direção — de trás para frente, de frente para trás — e continuar coerente.Quando uma questão não passa nesse teste, há um erro, mesmo que ele venha “oficializado” em um gabarito de olimpíada nacional.
Eu argumentei com o GPT, explicando que a análise dele não fazia sentido e o GPT acabou concordando comigo, dizendo que meu raciocínio era “mais elegante”. O Hindemburg foi mais radical, disse que não é questão apenas de elegância, é a única solução correta. E de fato era — porque a boa lógica é aquela que se sustenta sozinha, sem precisar de exceções ou justificativas forçadas.
Decidi registrar esse caso dentro do SIGMAIQ, não para criticar a olimpíada, mas para propor algo maior: um convite à reflexão.Nem sempre a resposta certa está no gabarito — às vezes, está no raciocínio que ousa discordar dele.
A lógica é uma linguagem que se destaca pela clareza e consistência.E talvez o verdadeiro desafio não seja encontrar “a resposta certa”, mas compreender o motivo pelo qual a resposta oficial não é lógica.

