top of page
Perguntas Comuns
Por Hindemburg Melão Jr.
-
Quais são os fatos mais interessantes sobre pessoas inteligentes?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Em primeiro lugar, é importante esclarecer que quase todas as pessoas são inteligentes (com exceção de acéfalos, derencéfalos e similares), inclusive quase todos os grandes primatas, cetáceos, paquidermes etc. Mas suponho que você queira se referir às pessoas com inteligência num nível muito elevado e raro. Estando claro isso, devo dizer que não sei se são "interessantes" os fatos que vou comentar, mas acho "estranhos" e talvez alguns sejam interessantes. Por exemplo: a maioria das pessoas superestima a inteligência de pessoas com boa retórica, bem-sucedidas financeiramente, com elevada graduação acadêmica, com boa memória, crianças precoces. De fato, todos esses itens, estão correlacionados positivamente com a inteligência, em diferentes níveis. A retórica, por exemplo, embora não tenha relação direta com inteligência, geralmente quem tem boa retórica também tem boa dialética, bom nível cultural e bom vocabulário, e estes 3 estão correlacionados positivamente com inteligência, de modo que indiretamente a retórica também acaba ficando correlacionada positivamente com inteligência. Entre esses itens, creio que os mais interessantes a se comentar sejam sobre precocidade e memória, por estarem mais intimamente relacionados com a inteligência. A memória é um dos componentes da inteligência e, embora não seja o principal, é necessário em muitas situações e a ausência de boa memória pode criar vários obstáculos ao bom desempenho da inteligência, pois reduz o ritmo de aprendizado, reduz o volume total de dados que podem ser processados na memória de trabalho (equivalente à memória RAM), dificulta resgatar informações conhecidas para estabelecer associações e analogias etc. Mas a memória em si consiste no mero armazenamento de dados e blocos de dados, portanto não é um dos atributos cognitivos mais "nobres". Quanto à precocidade, pode ser um indicativo muito importante ou não de elevado nível intelectual, dependendo muito de vários fatores. Se uma criança muito nova for precoce em fazer coisas que adultos típicos fazem, isso pode ser uma precocidade de pouca relevância, e ironicamente é o tipo que mais chama atenção, por ser mais fácil de diagnosticar. Uma criança de 2 anos que aprende a ler ou aprende 4 idiomas, por exemplo, não faz nada de especial, faz apenas algo que crianças mais velhas ou adultos típicos também fazem, e isso não é indicativo de que quando ela se tornar adulta será capaz de fazer descobertas importantes ou prestará alguma contribuição notável à humanidade. Embora essa característica, em si, não seja relevante, ela frequentemente vem acompanhada de outras. Geralmente a criança que precocemente consegue fazer muitas coisas típicas de adultos também é muito criativa e tem um pensamento analítico muito profundo e refinado. No estudo longitudinal de Terman, com 1528 crianças talentosas, por exemplo, os dois ganhadores de Nobel ficaram no grupo que Terman descartou por não serem suficientemente precoces na realização de tarefas de adultos, e entre o grupo que ele selecionou não houve nenhum laureado com o Nobel nem com qualquer prêmio notável. Um dos problemas é que o teste usado por Terman (Stanford-Binet) só tem utilidade para QIs no intervalo entre 70 e 130, e as questões são demasiado superficiais e elementares, muito útil para identificar as crianças precoces em atividades medianas, mas não servindo para identificar as crianças realmente mais inteligentes e capazes de realizar tarefas raras e valiosas.
-
Quais são todos os componentes da inteligência?Pergunta complementar de Bruno de Almeida: Bruno Almeida: “Na sua concepção, quais são todos os componentes da inteligência?” Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não creio que faça sentido falar em "todos" os componentes da inteligência. O fator g de Spearman é útil, do ponto de vista estatístico, para identificar o fator do qual o grupo de pessoas testadas está mais saturado entre as variáveis medidas no teste. Dependendo do teste e do grupo de pessoas examinadas, o primeiro fator pode responder por 85% da variância. Após extrair o primeiro fator, pode-se continuar extraindo quantos fatores se queira, até o limite do número de questões do teste. Geralmente o segundo fator responde por algo como 10% da variância e o terceiro fator por uns 3%, então com apenas 3 fatores já se consegue explicar cerca de 98% da variância. O teste de Kaiser–Meyer–Olkin em alguns casos pode ajudar a determinar objetivamente quantos fatores se deve extrair, mas nem sempre é um critério apropriado. Portanto se pode dizer que a inteligência tem tantos componentes quantos se queira medir, mas geralmente 1 ou 2 ou 3 já explicam quase toda a variância do grupo. Lembrando que isso depende muito do teste utilizado e do grupo que responde ao teste. Além disso, é importante que os fatores estatísticos que recebem algum nome não têm necessariamente alguma relação com aquele nome. Em testes de personalidade, como o IFP (Inventário Fatorial de Personalidade, de Luiz Pasquali, usando pelo Exército Brasileiro até 2004), por exemplo, o fator de "heterossexualidade" pode significar quase qualquer coisa que tenha pouco ou nada a ver com heterossexualidade, assim como um fator que eventualmente receba o nome de "criatividade" num teste cognitivo pode ter pouca ou nenhuma relação com criatividade. É apenas um nome que o autor do teste achou que poderia estar relacionado a determinado fator, mas que na verdade pode não ter qualquer relação, ou ter uma relação bem menos estreita do que o autor do teste imaginava. Isso torna os modelos de Guilford e Gardner bobagem esotérica.
-
Testes de QI são confiáveis ou é pseudociência?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: A maioria dos ramos da psicologia é pseudociência (na acepção de Popper). A Psicometria é uma das raras exceções. Portanto não é pseudociência. Uma pessoa que diga que testes de QI são pseudociência é porque não sabem o significado de pseudociência, nem o que são testes de QI. Além disso, o termo “confiáveis” não está bem aplicado. Trocando “confiáveis” por “representativos da variável que tentam medir”, ou usando “confiáveis” com esse significado, pode-se dizer que depende do teste. Há muitos testes de QI diferentes, com diferentes qualidades de conteúdo e de padronização. Em 2004, só no Brasil, havia mais de 100 testes aprovados para uso pelo CFP. Na Europa e nos EUA havia mais de 800 testes. Isso só falando dos testes reconhecidos pelas entidades reguladoras nos respectivos países. Estima-se que o número de testes não aprovados para uso, circulando pela internet, seja entre 10 e 100 vezes maior. Mesmo entre os testes aprovados, a grande maioria é de qualidade precária, com erros nos gabaritos, erros na padronização, entre outros problemas. Apesar disso, mesmo os piores testes de QI são muitíssimo melhores que as avaliações subjetivas feitas pelas pessoas que criticam os testes de QI. Por piores que sejam os testes, eles passaram por estudos estatísticos razoáveis, foram seguidos diversos protocolos da Teoria Clássica dos Testes ou da Teoria de Resposta ao Item, foram aplicados a uma amostra com pelo menos algumas centenas ou milhares de pessoas etc., enquanto as pessoas que criticam os testes preferem o simples achismo, que é a opinião pessoal delas ou das pessoas que comungam as mesmas crenças que elas. Ironicamente, essas pessoas que adotam uma postura pseudocientífica acusam os testes de QI de serem pseudocientíficos, o que Freud chamaria de “projeção” (embora a teoria psicanalítica seja pseudocientífica, ela acetar muita coisa). Há muitas falhas na maioria dos testes de QI, e até os melhores testes apresentam erros relativamente graves, mas ao longo dos anos estão sendo aprimorados. É um aprimoramento muito lento, mas é o melhor que se tem disponível para avaliações objetivas. Além disso, se comparar os testes de QI com exames escolares e universitários, a qualidade dos testes de QI é muitíssimo superior, em praticamente todos os aspectos. Sugiro a leitura do livro de Anne Anastasi "Testagem psicológica" ou de Luiz Pasquali "Psicometria", sobre como se constrói um teste de QI, passo-a-passo, todos os procedimentos seguidos e os cuidados tomados para tentar assegurar que a variável medida seja aquela que se deseja medir, que a escala adota tenha as propriedades estatísticas desejadas, entre outros atributos. É um processo muitíssimo mais criterioso do que a elaboração de provas universitárias das principais universidades do Brasil, que são literalmente feitas "nas coxas". Os vestibulares já utilizam métodos melhores, com qualidade comparável à dos melhores testes de QI, embora eventualmente apresentem algumas falhas. O vestibular da Fuvest de 2004, por exemplo, teve um item (questão 1 da prova de Língua Portuguesa) que media o oposto do que se desejava, favorecendo os alunos com menos conhecimento e prejudicando os que tinham mais conhecimento, ou seja, os alunos que erravam essa questão estavam mais bem preparados para serem aprovados do que aqueles que acertavam. Isso é um erro gravíssimo e muito primário num teste, por incluir uma questão negativamente correlacionada com as demais ou que a escolha da alternativa certa tem probabilidade menor do que se a pessoa chutasse, ou seja, o parâmetro c seja menor que 1/5 numa questão com 5 alternativas, como era o caso dessa questão. O problema é discutido com mais detalhes em meu artigo “Pontos fracos da prova da Fuvest” que pode ser encontrado em https://www.sigmasociety.net/artigos
-
Pessoas com uma inteligência acima da média tem a tendência a terem o ego mais inflado?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: É difícil dizer com segurança, porque a faixa "acima da média" é muito estreita, geralmente delimitada como incluindo QIs entre 110 e 120. Praticamente não seria possível sem o uso de instrumentos apropriados. Então surge outro problema, porque a inteligência é um constructo psicométrico razoavelmente bem conceituado e com milhares de instrumentos de medida padronizados e acurados para medir no intervalo de -2sd a +2sd, eventualmente chegando a -3 a +2,5sd, portanto pode ser medida acuradamente em mais de 95% da população, talvez mais de 99%, enquanto o "ego inflado" é um atributo que precisaria ser primeiramente conceituado com mais rigor, minimizando ambiguidades na interpretação, e depois precisaria ser desenvolvido pelo menos um instrumento apropriado para medida dessa variável, depois precisaria ser realizado um estudo abrangente com pelo menos alguns milhares de pessoas de uma amostra randomizada, e enfim seria possível dar uma resposta decente a essa pergunta. Mas minha impressão geral é que não há diferença sensível entre pessoas com inteligência nessa faixa e as demais pessoas. É possível que sua intenção tenha sido cortar a distribuição ao meio e comparar todas as pessoas com inteligência acima da média com todas abaixo da média. Isso não faria muito sentido, mas seria uma das possíveis interpretações do enunciado. Se foi isso, reformule melhor a pergunta. Também é possível, e mais provável, que você teve a intenção de dizer "pessoas muito inteligentes", digamos com QI acima de 130, ou "extremamente inteligentes", como acima de 140 ou algo assim, ou "excepcionalmente inteligentes", como acima de 160. Você teria que especificar melhor isso. Mas minha impressão subjetiva na interação com cerca de 10% das 1000 pessoas mais inteligentes vivas (QI acima de 180) durante alguns anos, é quase o contrário. Em geral, as pessoas nesse patamar são suficientemente autocríticas, nem teria como ser diferente, pois nesse caso não seriam inteligentes. De modo geral, há forte correlação entre inteligência e autoconhecimento e, portanto, autocrítica. Por isso é muito frequente haver pessoas com síndrome de Dunning-Kruger, já que as pessoas com QI próximo à média são mais abundantes. Por outro lado, há alguns grupos de pessoas com QI numa faixa de 125 a 140 que apresentam o comportamento que você citou. Por exemplo: Complemento indicado: https://pt.quora.com/Por-que-pessoas-com-o-QI-levemente-alto-125-135-se-acham-t%C3%A3o-bons/answer/Hindemburg-Melao-Jr “Por que pessoas com o QI levemente alto (125-135) se acham tão bons?” Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Síndrome do pequeno poder. Também se pode dar o nome mais simples de "covardia". Nem todos nesta faixa de QI apresentam esses sintomas, mas realmente é um fenômeno frequente. Talvez 1% ou mais das pessoas nessa faixa tenham essa característica. Estimo em cerca de 1% com base no fato de que na Mensa há cerca de 130.000 membros, entre 15.000.000 de pessoas potencialmente qualificadas no mundo. Alguns dos qualificados talvez não se associem por não tomarem conhecimento de que existe, mas na maioria dos casos creio que não se associam por não se interessarem pelo ambiente, pelo perfil típico dos membros, pelo teor das matérias nas revistas da Mensa, das conversas nas reuniões etc. Creio fora da Mensa os sintomas sejam observados em cerca de 0,5% das pessoas nesta faixa de QI e entre os membros da Mensa talvez mais de 30% tenham essas características. Isso também parece variar muito de um país para outro. Na Finlândia, por exemplo, nenhum dos mensans que conheci pareceu ter esses sintomas. Já no Brasil parece atingir cerca de 50%. Nos EUA e UK, que são os maiores capítulos da Mensa, estes sintomas parecem atingir 20% a 30%. Alguns casos chegam a ser hilários, outros são muito tristes, outros são maçantes. Um membro da Mensa com QI 142, que não é físico nem matemático, comentou certa vez, falando com seriedade, que pretendia unificar as forças. Frequentemente os membros da mensa se reúnem para se vangloriar do quanto se consideram inteligentes e de como as pessoas não compreendem as "palavras difíceis" que eles usam. Um dos aspectos ruins disso é que estas condutas acabam provocando uma rejeição generalizada contra as pessoas inteligentes, como se todas as pessoas inteligentes agissem assim. Embora as pessoas com esta síndrome provavelmente representem uma minoria, as que não apresentam mesmo comportamento acabam não sendo tão claramente notadas como inteligentes, e isso provoca um viés de interpretação que leva as pessoas em geral a acreditar que esta seja uma conduta predominante (ou mesmo generalizada) entre todas as pessoas inteligentes. Eu arriscaria dizer que esse fenômeno talvez seja mais comum entre QIs mais baixos (110–120, por exemplo), que tendem a ser mais opressivos, hostis e abusivos contra aqueles com QIs mais baixos que os deles, ou que estejam em alguma condição de inferioridade econômica, social, física etc., mas por estarem numa camada menos privilegiada, é mais raro que se possa observar interações deles com pessoas em camadas ainda menos privilegiadas, com as quais eles exerçam os abusos. O assédio sexual de chefes homens sobre funcionárias mulheres, por exemplo, é uma manifestação do mesmo efeito, porém apoiado numa hierarquia não-intelectual (geralmente social e econômica). O homem incapaz de conquistar uma mulher sente-se compelido a usar outros meios para conseguir alguma coisa com elas. Na maioria das universidades, observa-se o mesmo efeito. O "veterano" (1 ano a mais que os calouros) sente uma necessidade mórbida de "demonstrar" sua superioridade em relação aos que estão começando, com rituais de humilhação e abuso. Nos últimos 30 anos os rituais foram bastante atenuados, mas ainda são ridículos. Nos níveis mais elevados, os professores continuam adotando uma postura de nariz empinado e ar de supremacia em relação aos estudantes, mas não tanto quanto os "veteranos" em relação aos calouros. De modo geral, quanto mais elevada a posição, menor é este efeito. Um professor emérito ou um doutor summa cum laude não tenta se posicionar com supremacia artificial em relação ao doutor recém titulado, porque não sente necessidade disso para se auto afirmar. Existe uma diferença hierárquica, o doutor menos destacado tem um respeito maior pelo doutor mais destacado, procura aprender com ele, eventualmente o ensina algo também, mas é uma relação mais fundamentada no respeito mútuo do que a relação entre calouro e veterano, embora a diferença de nível de competência seja maior entre um doutor summa cum laude e um doutor médio do que a diferença entre um veterano e um calouro. Nos níveis mais altos, as disparidades nos erros de julgamento próprio e alheio são menores, as pessoas conhecem melhor suas próprias limitações e as limitações alheias. Nos níveis mais baixos, observa-se os problemas tipicamente descritos por Descartes, Voltaire e outros, em que a pessoa supervaloriza seu próprio julgamento e subestima o julgamento dos outros. Certa vez o amigo Hélder Câmara estava comentando sobre uma pessoa, um jogador de Xadrez, relativamente forte, mas que se achava muito mais forte do que realmente era: "Se eu pudesse comprar esse cara pelo que ele vale, e vendesse pelo que ele pensa que vale, ficaria rico". Nessa pergunta o autor usou o termo "levemente alto" num contexto inacurado e um pouco pejorativo, mas com razão, porque aparentemente ele foi motivado pelo convívio com algumas pessoas desagradáveis que se enquadram no perfil ao qual ele dirige a crítica. A faixa de 125 a 140 não é classificada como "levemente inteligente", mas sim "muito inteligente". Mas nesse contexto, a pessoa quis cortar as pernas dessas pessoas logo no enunciado, para que elas não fiquem se achando tanto. Numa matéria sobre a mensa publicada em 2000, por exemplo, vi uma pessoa com cerca de 142 de QI dizendo que pretendia unificar as forças, sendo que ele nem sequer é da área de Física. Um exemplo típico é o Olavo de Carvalho, que pensa ter refutado Newton, Galileu, Einstein, Darwin, Cantor, entre outros. Talvez o QI dele esteja entre 115 e 130. Mas como ele faz críticas políticas cheias de xingamentos e ofensas pessoais, acaba atraindo um público que gosta disso e por alguma razão que não é muito racional, acaba sendo deificado por esses seguidores. Esse é um fenômeno mais frequente do que se imagina, mas geralmente as pessoas deificadas por seguidores pouco exigentes e pouco críticos são carismáticas e amáveis, enquanto o Olavo tem um perfil quase oposto. Estariam numa lista de 125 a 150 o Cortella, o Carnal, o Clóvis, o Pondé, o Calabrez, o Varella, Lair Ribeiro… Cheguei a pensar em incluir o Gleiser, mas ele é um pouco mais profundo, talvez o Bauman também. O Lair Ribeiro está num nível semelhante ao do Gleiser, porém ele cria um personagem mais popular para vender mais. Os argumentos do Lair são claramente superiores aos do Varella, por exemplo, embora o ponto de vista defendido pelo Varella esteja mais próximo do correto. Isso é um mérito intelectual do Lair e moral do Varella. Há estudos* que mostram que grandes generais, chefes de estado, líderes religiosos, formadores de opinião entre as massas, geralmente apresentam QI entre 135 e 155, raramente acima disso (talvez Lutero seja uma exceção), porque se o QI for muito acima de 160 ou 170, a grande maioria das pessoas não entende o que eles dizem. Na verdade, também não entendem corretamente o que as pessoas com QI 140 dizem, mas acham bonito e compreendem uma parte, e interpretam essa parte de um jeito "flexível", misturando o que a pessoa de fato disse com o que ela gostaria de ter ouvido, e no meio dessa salada a pessoa encontra "confirmações" para algumas crenças pessoais dela, que é justamente o que as pessoas procuram nesse tipo "profeta". Elas não buscam aprimoramento nem aprendizado, mas sim alguém que repita algo em que elas acreditam, ou algo que seja suficientemente vago para que elas possam interpretar como sendo o que elas acreditam. As pessoas não gostam de ser confrontadas e revisadas; elas gostam de repetir os mesmos erros ad nauseum, e se sentem "validadas" se uma pessoa considerada "autoridade" repete o que elas querem ouvir, ou pelo menos repetem uma parte disso, e a outra parte elas distorcem para ficar parecido com o que elas querem que tenha sido dito. (* Por exemplo, citados em livros de Oswaldo de Barros, Eunice Soriano do Alencar etc.) Nesse aspecto, tanto o Olavo quanto as outras pessoas que citei, guardam alguma semelhança, embora atraiam públicos com perfis políticos quase opostos, já que os discursos são quase opostos, mas o tipo de discurso é quase o mesmo no sentido de ser acessível, palatável e confirmatório das superstições e preconceitos que as pessoas já tinham. Quando Cortella discrimina sistemas de inteligência artificial, por exemplo, usando os termos "robótico" como sendo algo ruim, as pessoas aplaudem da mesma maneira que os nazistas aplaudiam as críticas contra judeus, contra negros ou contra homossexuais. Há uma diferença importante, claro, eu acho Cortella uma boa pessoa, e se existissem atualmente robôs com sentimentos, acho que ele seria mais cuidadoso com esse tipo de comentário. Ele apenas não considerou o que os robôs acharão desse comentário dele num futuro próximo. Num dos artigos dessa página, analiso com mais detalhes a palestra do Cortella na qual ele fala sobre robôs: https://www.sigmasociety.net/artigos Veja também: https://pt.quora.com/Gênios-são-raridades-na-espécie-humana https://en.wikipedia.org/wiki/IQ_classification Resposta em https://pt.quora.com/Pessoas-com-uma-intelig%C3%AAncia-acima-da-m%C3%A9dia-tem-a-tend%C3%AAncia-a-terem-o-ego-mais-inflado Veja algumas outras perguntas que respondi no Quora sobre inteligência, criatividade, ciência cognitiva e QI: https://pt.quora.com/search?q=qi%20hindemburg Veja respostas sobre outros temas científicos, filosóficos, culturais, educacionais, variedades: https://pt.quora.com/search?q=hindemburg
-
As pessoas nascem génios ou tornam-se génios?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: As pessoas nascem com um potencial, que pode ser cultivado e estimulado em diferentes níveis. A grande maioria das pessoas não chega nem perto de explorar uns 80% de seu potencial, enquanto outras chegam perto dos 90% ou 95%. Os campeões mundiais de esportes, por exemplo, geralmente chegam perto dos 95% do melhor q são capazes de fazer em suas modalidades esportivas, e só chegam a esse ponto pq dedicam um tempo imenso ao aprimoramento constante. Se qualquer dos campeões mundiais nunca tivesse treinado exaustivamente, nem chegaria perto das marcas que é capaz de atingir. Uma pessoa com grande talento para salto em altura, por exemplo, talvez consiga saltar cerca de 0,8 m a 1 m, se nunca treinar na vida e contar apenas com seu talento inato. Se ela treinar moderadamente, sem pretensões de competir, pode chegar talvez a 1,5 m ou pouco mais. Se ela se dedicar com muito afinco, pode chegar a 2,3 m ou mais. Outra pessoa com bem menos talento poderia saltar, digamos, 0,5 m a 0,7 m, sem nenhum treinamento, mas se ela treinasse moderadamente, já poderia chegar a cerca de 1,2n, ultrapassando a pessoa com grande talento, mas sem treino, e se ela se dedicasse muito, para competir, talvez chegasse a 1,6 m ou mais. O mesmo vale também para atividades intelectuais. Se a pessoa não utiliza seu potencial e não o desenvolve, não consegue ir muito longe. Por isso uma criança pode nascer com grande talento, mas para se tornar efetivamente um gênio, ela precisa canalizar esse talento de forma produtiva e criar algo relevante.
-
Qual é o QI necessário para se obter nota máxima no Sigma Test e no Sigma Test VI?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não são mais corrigidos desde 2006. A pessoa com maior escore no Sigma Test teve 182 e acertou 32 das 36. A mesma pessoa teve escore 183 no STH do Cooijmans, foi 1º classificado no World IQ Challenge (http://www.worldiqchallenge.com/rankings.html), à frente de alguns membros de Giga Society, foi campeão e vice-campeão em outros concursos internacionais dos quais participaram algumas das pessoas com QIs acima de 195. Algumas pessoas com mais de 196 em alguns testes do Cooijmans obtiveram entre 145 e 165 no Sigma Test. De modo geral, o ST tinha correlação perto de 0,7 com os testes de Hoeflin e Cooijmans pela norma antiga (usando escores em raridade). Poucas pessoas fizeram o Sigma Test VI e não há dados suficientes para uma norma acurada. A pessoa com maior número de acertos obteve 3 entre 10. Esta pessoa teve 175 num teste da International High IQ Society e foi recordista mundial num jogo q ficou durante algum tempo online, mas acho q não existe mais. Também duas pessoas com escores acima de 180 em outros testes obtiveram menos de 3 acertos no Sigma Test VI, e uma pessoa com 145 num teste do Jouve obteve 2,5, sendo o segundo escore mais alto no Sigma Test VI. Pessoas com 190 a 210 (rIQ) devem ter mais de 30% de probabilidade de acertar todas no Sigma Teste. Pessoas com 170 a 190 devem ter de 1% a 5% de probabilidade de acertar todas. Se 1000 pessoas com QI 165 a 195 fizessem o Sigma Test, creio que uma ou outra acabaria acertando tudo. No caso do Sigma Test VI, não há dados suficientes para fazer uma estimativa razoável. Os números acima também são estimados sem muito rigor, a incerteza nas estimativas deve ser meio grande.
-
Vale a pena saber o seu QI? Qual o ponto positivo disso?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Depende de quanto você acha que será o resultado e de como você costuma reagir a informações positivas e negativas. Algumas pessoas, ao descobrir que possuem QI muito acima da média, tornam-se preguiçosas e arrogantes, pq não precisam se esforçar para atingir as metas tipicamente cobradas nos estudos e no trabalho, além de se acharem melhores que as outras. Outras pessoas, ao descobrir q possuem QI muito alto, tornam-se muito mais dedicadas e humildes, pq acham q receberam como presente esse dom e o presente vem acompanhado de uma grande responsabilidade, de fazer algo grandioso, para não desperdiçar o talento recebido. No resultado oposto, ao descobrir q possuem QI abaixo da média, algumas pessoas se tornam retraídas (ou mais retraídas do que já eram), deprimidas, sentem-se inferiorizadas. Outras, ao descobrirem que têm QI abaixo da média, começam a se esforçar ao extremo para tentar mudar isso, e conseguem muitas vezes realizar mais do que pessoas com QI bem mais alto do q o delas, porém menos esforçadas. No filme GATTACA se pode ver uma dramatização bastante interessante de uma situação assim. E na vida real há alguns casos também, entre os quais talvez os mais famosos seja de Einstein e Edison. Einstein demorou para começar a falar (algumas fontes citam que teria começado aos 4 anos), e apresentava baixo desempenho na escola, chegando a ser considerado retardado por um professor de latim. Outro caso interessante é o de Feynman, que obteve escore 123 num teste de QI, q não é baixo, mas é MUITO mais baixo que a média dos ganhadores de prêmio Nobel, e poderia tê-lo desmotivado de sonhar com algum prêmio desse nível, e de fato, segundo ele, nunca teve essa pretensão, mas simplesmente foi conduzindo suas pesquisas e acabou sendo laureado com um Nobel, além de ser reconhecido como uma das pessoas mais brilhantes do século XX. Então saber ou não o QI pode ser positivo ou negativo ou indiferente, dependendo de como vc vai lidar com isso. Assim como saber ou não outras informações depende de como vc costuma reagir a elas. Em geral, no meu caso, considero sempre positivo obter o máximo de informações possíveis sobre tudo, especialmente qd se trata de autoconhecimento, em vez de preferir ignorar para não me frustrar. Se uma namorada estivesse me traindo, se eu tivesse uma doença grave etc., eu preferia saber para tomar as devidas providências conforme os fatos, em vez de preferir ignorar para não sofrer de imediato, mas com risco de consequências bem piores no futuro.
-
Quem tem o QI alto precisa se esforçar muito?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: De modo geral, quanto mais alto o QI, mais difíceis e complexos são os tópicos sobre os quais a pessoa se interessa, e o esforço necessário acaba sendo maior. Um campeão de halterofilismo, por exemplo, embora seja muito mais forte que uma pessoa mediana, de modo que poderia realizar com muito menos esforço as atividades típicas de uma pessoa mediana, provavelmente ele adota uma rotina na qual se esforça muito mais que uma pessoa mediana, pq se propõe atividades que exigem muito mais de si. Enquanto a pessoa mediana provavelmente evita grandes esforços e raramente precisa usar mais que 50% de sua força total, o halterofilista frequentemente usa mais de 90% de sua força total, por isso além de sua força ser maior, ele frequentemente chega mais perto de seu limite.
-
A capacidade de prever jogadas no xadrez tem a ver com QI?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Sim. Há correlação positiva, embora seja fraca. A memória desempenha um papel mais importante que a inteligência para o cálculo de variantes, especialmente a memória de trabalho (equivalente à memória RAM), e os melhores jogadores de Xadrez geralmente têm uma memória especializada, que lhes permite memorizar grande número de partidas e posições, sem que necessariamente apresentem mesma facilidade para memorizar mesma quantidade de informações envolvendo textos, números, objetos etc. Embora a maioria dos teste de QI não inclua testes de memória, o QI está positivamente correlacionado com a memória, portanto além dos fatores cognitivos que relacionam o QI ao cálculo de variantes, também á os fatores mnemônicos, q por estarem relacionados ao QI, fazem com q o QI esteja tb indiretamente relacionado à capacidade de calcular variantes longas e densamente ramificadas. Em relação à qualidade dos lances, depende muito mais do conhecimento, como já comentou a Suzanne. Se a pessoa já estudou muitos temas táticos e estratégicos, para ela é muito mais fácil prever sequências baseadas em padrões que já conhece do que ter que improvisar e descobrir os melhores lances. E quando são posições predominantemente estratégias, o conhecimento é ainda mais importante, pq é muitíssimo difícil deduzir conceitos estratégicos de improviso. Quando são combinações (tática), é comparativamente mais fácil, mesmo que a pessoa nunca tenha visto o tema na vida, ela pode descobrir na hora, pq os resultados são mais imediatos e nítidos, se a pessoa perde uma peça numa variante, sem alguma compensação, ela deduz que seja ruim, não há mistério nisso, mas se a pessoa fica com um Bispo-mau, sem conhecer o conceito de Bispo-mau, é muito mais difícil ela deduzir de improviso q isso representa uma desvantagem importante a longo prazo. Ou a pessoa conhece o conceito, ou ela não vai perceber a consequência daquilo, e como na maioria das posições não ocorrem temas táticos importantes que envolvam cálculos complexos, o conhecimento estratégico acaba sendo mais importante. Kasparov obteve 123 de QI no Raven e 135 no Eysenck, Short obteve 130 (não foi especificado o teste usado), Nakamura dizem q obteve 102, tb sem citar o teste utilizado. Acho muito difícil q os QIs de Kasparov, Short e Nakamura sejam menores que 150, mas a força de jogo deles no Xadrez, se converter o rating em QI, foi comparável a cerca de 190+. Portanto é possível chegar a níveis muito altos no Xadrez, mesmo com QI não tão alto, assim como é possível ter QI muito alto sem chegar a níveis tão altos no Xadrez.
-
O QI (quociente de inteligência) se mantém estável durante toda a vida ou é possível modificá-lo? Se é estável, o que o determina? Se é mutável, como desenvolvê-lo?"Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Há vários estudos sobre a variação do nível intelectual em função da idade. Os escores combinados no WAIS, WISC, WPPSI, por exemplo, possibilitam ter uma noção sobre como o QI evolui desde cerca de 2 anos de idade até cerca de 70 anos. Para uma abordagem mais acurada, mais completa e mais rigorosa, seria necessário ter mais informações sobre o efeito Flynn na localidade em que os testes foram aplicados, já que os escores não são das mesmas pessoas ao longo da vida, mas sim diferentes pessoas e diferentes faixas etárias, portanto nascidas em diferentes épocas. Um efeito similar tb é observado no rating de Xadrez, com algumas diferenças devido à maior carga cultural associada às performances, mas em linhas gerais são curvas bastante semelhantes. O QI aumenta rapidamente dos 2 aos 16 anos (provavelmente dos 0 aos 16), depois continua aumentando mais lentamente dos 16 aos 20-25, se mantém aproximadamente estável até os 40–45 e começa a diminuir lentamente. O efeito não é igual para todos. Algumas pessoas continuam com o QI aumentando até 40, e/ou podem demorar mais para começar a cair, em outras pode começar a cair mais cedo. Em relação a aumentar o QI, há uma diferença importante entre aumentar o escore em testes e aumentar de fato a inteligência. Para aumentar escores em testes basta treinar especificamente para as questões típicas de testes de QI. No caso de Pierluigi Piazzi, por exemplo, ele alegava ter aumentado de 132 para 184. Como há vários casos de pessoas q obtiveram escores em torno de 130 num teste e 180 em outro, é muito mais provável q se trate de uma diferença relacionada à má padronização dos testes utilizados ou de maior/menor adequação das habilidades do examinee aos itens do teste do que uma real variação de performance dessa magnitude. Seria como se uma pessoa com 1,80m de altura fizesse algum treinamento e passasse a ter 2,30m de altura. Se fosse uma variação no peso, seria mais fácil de aceitar, mas na altura seria muito improvável. Astronautas na ausência de gravidade chegam a ganhar uns 4 cm de altura, e depois de um dia carregando sacos de batatas, uma pessoa chega a ficar uns 2 cm a 3 cm mais baixa. Portanto dá para variar um pouco a altura de adultos sem cirurgia e sem tratamento hormonal, mas o intervalo de variação é relativamente estreito. No caso da inteligência também não há como variar muito. Pode ser útil estudar estratégias para resolver problemas típicos, como "A arte de resolver problemas" do Pólya, ou os métodos do Lakatos usados nos treinamentos de participantes de Olimpíadas da Matemática. Mas tais estratégias não tornam a pessoa mais criativa ou mais analítica. Apenas ajudam a pessoa a pensar de forma mais organizada e tb fornecem blocos de informações maiores, que ajudam a pessoa a pensar mas rápido sobre determinados problemas específicos. Jogar Xadrez e alguns jogos de estratégia (o antigo Lemmings, por exemplo), Gô, Shogui e similares pode ajudar a pessoa a treinar o pensamento para que seja mais organizado, bem como o exercício regular do cérebro torna as partes utilizadas mais eficientes do que as menos utilizadas. Dependendo da situação, o uso de vasodilatadores também pode ajudar, mas são proibidos em diversas situações, como torneios de Xadrez. Além disso, só produzem um pequeno incremento temporário e depois volta ao q era, com risco de deixar sequelas a longo prazo. Há uma música do Mozart chamada "A flauta mágica", sobre a qual foram realizados alguns estudos para investigar se poderia contribuir para aumentar o QI. Algumas fontes citam um incremento em torno de 3 pontos, em média, com duração de alguns minutos, e depois volta ao normal. Não creio q os resultados sejam conclusivos, é mais provável q haja erros metodológicos ou nas medições. Por exemplo: testaram 10 músicas, algumas pessoas apresentaram aumento de 1 a 3 pontos, outras apresentaram redução de 1 a 3 pontos, não pq algumas músicas de fato produzam tal efeito, mas sim pq houve uma flutuação aleatória nos resultados. Então pode ser simples erro de interpretação dos pesquisadores.
-
Pais que têm um QI de 135 estão destinados a terem uma descendência com QI similar?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Cyril Burt publicou estudos sobre isso nos anos 1970, mas eram falsos, as pessoas do estudo não existiam, nem os assistentes. Ele achava que o QI da criança teria pico de probabilidade de ser a média aritmética entre a média dos QIs dos pais e a média da população em geral. No exemplo q vc citou, o mais provável seria a criança ter cerca de 117 ou 118. Além da fraude, a hipótese também é ruim, pq não há razão para que os genes "saibam" qual é o QI médio da população. Os genes provavelmente vão produzir uma distribuição normal com média entre os QIs dos pais, não necessariamente no ponto médio. É provável q o progenitor com menor QI puxe o QI médio dos filhos para mais perto do QI dele, numa proporção que talvez dependa da diferença entre os QIs dos pais e de quanto os QIs dos pais estão distantes (para cima) da média. É importante enfatizar que isso não depende de que os genes "saibam" qual é o QI médio da população. O fato é que quanto mais alto o QI, mais bem "organizada" é a estrutura neuronal e mais sensível à redução na performance com pequenos aumentos na entropia. O QI deve ser determinado por um grande conjunto de genes, bem como das combinações de determinados genes. Em meu artigo "Um novo modelo de estrutura mental", de 2001, há uma exposição detalhada de como me parece provável que seja esse processo. Mas seria necessário investigar empiricamente para testar se esse modelo é consistente com os dados.
-
A inteligência é totalmente hereditária? Um gênio poderia vir de uma família cheia de pessoas com um QI baixo?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Os componentes genéticos que determinam o potencial de desenvolvimento intelectual são transmissíveis, mas não significa que serão transmitidos. Parte da carga genética que seria herdada pode ser determinada por mutação, por exemplo, e tanto pode ser para melhor quanto para pior (mais provável). Uma família cheia de pessoas com QI baixo não tem apenas uma carga genética pobre. Geralmente também tem um ambiente cultural precário. No meu caso, tive a "sorte" de que embora minha família fosse pobre, meu pai era excepcionalmente inteligente, minha tia era criativa e meu pai e minha mãe tinham memória excepcional. No exemplo q vc citou, uma criança nascida num ambiente culturalmente deficiente e com uma carga genética pouco promissora, dependeria em grande parte da mutação para produzir um gênio, portanto a probabilidade seria muito baixa, dependendo de qual exatamente seria o QI de cada progenitor e de quão deficitário seria o ambiente. Há alguns meses, vi propaganda de um rapaz q se formou em Medicina e era filho de um portador de síndrome de Down. Digo "propaganda" pq era uma evidente propaganda política, explorando o rapaz e o pai para "vender" determinada ideologia. Geralmente portadores de síndrome de Down apresentam QI perto de 70 e médicos têm, em média, QI perto de 125. Ainda estaria bem longe de ser gênio, e a mãe acho que não tinha síndrome de Down, mas provavelmente tinha QI abaixo da média, caso contrário seria menos provável ter se casado com um portador de síndrome de Down, já que geralmente os casais têm QIs semelhantes, dentro dos limites que a Estatística e a Geografia permitem. Portanto, uma criança com cerca de 50 pontos de QI acima da média dos pais já seria muito raro. No caso de um gênio, na acepção antiga de Terman (QI>180), daria mais de 100 pontos de diferença em relação a pais com QI sensivelmente abaixo da média. Então a probabilidade seria muitíssimo baixa. Seria como um casal de anões com 1,35 m (1,38 m o homem, 1,29 m a mulher) ter um filho com 2,15 m de altura, ou algo parecido, já tentando ajustar a disparidades da distribuição real das alturas, que não é muito aderente a uma curva normal. Nada impede que aconteça, uma criança poderia nascer como 7 braços, ou com asas, não há impedimentos físicos ou lógicos para isso, mas não conheço casos registrados de algo assim, e os dados sugerem que seja extremamente improvável.
-
O que uma pessoa com um QI de 160 consegue fazer que uma pessoa com um QI de 100 não consegue? Alguma coisas são fundamentalmente impossíveis de serem aprendidas/realizadas tal como afirma a teoria por trás do QI? Como isso pode ser superado?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não se trata de uma diferença determinística, mas sim estatística. Para mais detalhes, leia os artigos dessa página: https://www.sigmasociety.net/artigos especialmente estes: https://www.sigmasociety.net/escalasqi e https://www.sigmasociety.net/resumo-histórico Dadas 100 tarefas intelectuais complexas que uma pessoa com QI 160 poderia, sozinha, resolver 50 delas em 1 mês, seria necessário cerca de 220 pessoas com QI 100 para resolver 50 destas tarefas em 1 mês. As 50 tarefas resolvidas pela pessoa com QI 160 não seriam necessariamente as mesmas 50 tarefas resolvidas pelas 220 pessoas com QI 100, mas a dificuldade e a complexidade geral destes dois grupos de 50 tarefas seria aproximadamente equivalente. Então não há algo específico que uma pessoa com QI 160 possa fazer que alguém com QI 100 não possa, inclusive pode haver algumas tarefas que uma pessoa com QI 100 resolveria, enquanto a de 160 não resolveria (embora o contrário seja muitíssimo mais provável), mas dada uma amostra suficientemente diversificada de tarefas intelectuais complexas, a pessoa com QI 160 teria probabilidade muito maior de resolver mais destas tarefas do que a outra com QI 100. E no caso específico da comparação q vc sugeriu, seriam necessárias cerca de 220 pessoas com QI 100 para resolver mesmo número de tarefas que uma pessoa com QI 160 resolveria sozinha.
-
Quanto mais inteligente, menos sociável?"Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não. Mas acima de certo ponto sim. Não se trata de uma característica inerente às pessoas, mas sim da compatibilidade (ou não) dessas pessoas com a população na qual estão inseridas. Se o QI médio da população fosse 180, as pessoas com 180 socializariam umas com as outras melhor do que as de 150 socializam entre si ou melhor do que as de 100 socializam entre si. Quanto maior o QI, melhor a capacidade de socialização, desde que as outras pessoas com as quais se interage também fossem mais socializáveis. Como o QI médio é 100, então as pessoas com QI mais próximo de 100 terão melhores chances de socializar com a maior parte da população. Para medir melhor esse efeito seria necessário realizar experimentos sobre isso. A correlação entre sociabilidade e QI não deve ser forte. Para saber exatamente essa correlação seria preciso conceber uma métrica para medir sociabilidade e aplicar testes em grandes grupos.
-
Gênios são raridades na espécie humana?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: São raridade entre todas as espécies, mas são menos raros na espécie humana. Cerca de 1 em cada 3.500.000 de pessoas, pela antiga classificação de Terman (QI>180 ou algum talento no nível de raridade equivalente), normalizando os escores. Em critérios mais inclusivos, cerca de 1 em 1.000 (QI>150 ou algum talento no nível de raridade equivalente). Veja mais detalhes em: https://www.sigmasociety.net/artigos
-
Por que a maioria dos líderes nazistas eram pessoas extremamente inteligentes?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Os QIs dos 21 oficiais nazistas julgados em Nurenberg variava de 106 a 143, com média 128. Não acho que "extremamente inteligentes" seja um termo muito apropriado. O QI de Hitler, que não constava na lista, era 141. O QI mais elevado nesse grupo era do banqueiro Hjalmar Schacht, que foi um dos absolvidos. O QI médio do grupo é similar ao de quaisquer outros oficiantes de patentes equivalentes, exceto de judeus ashkenazi, cujo QI é substancialmente mais elevado (10 a 15 pontos de QI mais elevado, em média).
-
Como você poderia estimar o QI de alguém fazendo uma única pergunta simples?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Da mesma maneira q se estima a taxa de alfabetização de um país com base na foto de um lago. Ou seja, não é assim se que estima. O máximo q se pode estimar, em relação à inteligência, com base numa pergunta simples, é se o QI da pessoa está acima ou abaixo de um nível específico, mesmo assim a incerteza é grande. Por exemplo: em meu livro IMCH, há um problema que ajuda a estimar se o QI de uma pessoa está acima ou abaixo de 160. Nesse caso, se a pessoa errar, não dá para saber se o QI dela é 0 ou 50 ou 100, mas pode-se saber com razoável segurança (digamos, 70%) que é menor que 150 e com boa segurança que é menor que 200 (digamos, 95%). Para que a estimativa seja razoavelmente boa, precisa-se de uma amostra suficientemente numerosa e diversificada em níveis de dificuldade e abrangência de faculdades cognitivas. Se utilizar apenas 1 questão, a incerteza na medida será inevitavelmente muito grande. No exemplo acima, se a pessoa acertar o QI provável será uma distribuição assimétrica com média 170 e erro-padrão em torno de 30 para baixo e 10 para cima. Se a pessoa errar o QI provável será uma distribuição assimétrica com média 120 e erro-padrão em torno de 12 para cima e 25 para baixo. Isso numa tentativa bayesiana de considerar o erro ou acerto na questão em conjunto com a distribuição do QI na fração da população interessada nos temas abordados no livro. Alternativamente, precisa-se conhecer detalhes sobre as realizações da pessoa em áreas que exigem inteligência, para q se possa situar o nível de raridade, dificuldade, originalidade e complexidade daquelas realizações.
-
É possível uma pessoa de um QI não tão alto ser muito inteligente?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não. O termo "QI" originalmente significava o quociente da proporção entre a idade mental e a cronológica, depois passou a ser multiplicado por 100, depois passou a significar o número de desvios padrão distante da média numa escala com média 100 e desvio padrão 16, 15 ou 24. É como perguntar se uma pessoa pode ter pouca altura e ser muito alta. Repare q há uma diferença importante entre o QI e o escore num teste de QI, assim como entre a altura e o valor medido para a altura. Tanto o valor para altura quanto o valor para o QI apresentam erros associados ao instrumento de medida, com a diferença q o instrumento usado para a altura é muito mais acurado e mais preciso. Mas provavelmente vc teve a intenção de se referir ao escore medido num teste de QI típico, que é muito diferente do QI propriamente, pq depende da qualidade do teste. Há muitos casos de pessoas muito inteligentes com escores relativamente baixos em alguns testes de QI, por serem testes ruins q não medem corretamente a variável que se propõem medir. Kasparov, Feynman, Petri Widsten, Peter Bentley são alguns casos de pessoas muito inteligentes q obtiveram escores muito longe de representar corretamente suas capacidades intelectuais. Mas nenhuma delas teve escore "baixo" em comparação à média. Foram baixos em comparação à real capacidade delas. Ter escore sensivelmente abaixo da média, mas ter inteligência acima da média é muitíssimo mais improvável do que nos exemplos acima, pq mesmo os testes de QI ruins seguem alguns protocolos razoáveis para q sejam aprovados para uso, e isso praticamente impede que os escores no intervalo entre -2 sd e +2 sd estejam muito destoantes da realidade, pq o CFP — ou a entidade equivalente no país em que o teste fosse apresentado avaliado — não o aprovaria. O q poderia acontecer é q a pessoa fizesse o teste bêbada, ou com muito sono, ou drogada, ou com algum problema que afetasse gravemente sua performance, ou não se empenhasse para obter bons resultados, então haveria um erro na aplicação do teste naquelas circunstâncias, como se medisse a altura de uma pessoa em posição fetal ou sentada, q obviamente não forneceria a altura correta pq houve um erro óbvio no processo de aferição. Portanto, no caso do escore é possível, obviamente, mas a probabilidade é baixíssima, ou estaria associada a algum erro grosseiro de medição.
-
O QI é absoluto ou relativo?Todas as medidas só podem ser relativas. O conceito de medida envolve uma relação. Isso não impede que sejam também absolutas, dependendo da acepção em que se utiliza o termo "absoluto". Uma discussão mais detalhada e profunda sobre isso, e com abundantes exemplos, pode ser encontrada nos capítulos 4 e 5 de meu livro "Xadrez, os 2022 melhores jogadores da História e dois novos sistemas de rating", bem como alguns breves comentários sobre a relação entre rating e QI, q será analisada com mais detalhes no volume II. https://www.youtube.com/watch?v=u9dXkSmfldo&t=1s
-
Qual seria o QI das pessoas na antiguidade? Seria parecido com os dias atuais ou mais baixo?O QI médio da população provavelmente era mais baixo se fosse usado o mesmo teste nas pessoas de hoje e de 300 a.C., por exemplo. Seria inclusive difícil determinar o QI médio pq a maior parte da população não era alfabetizada, e mesmo q fossem utilizados testes baseados em séries de figuras, elas precisariam entender as analogias e associações dos enunciados. Se fosse elaborado um teste baseado na cultura típica daquela época, em que não se usava algarismos indo-arábicos, por exemplo, e os cálculos aritméticos eram realizado de maneira bem diferente, talvez ainda assim o QI médio atual fosse mais elevado. Um dos motivos é a questão alimentar, como citado pelo Timm. Outro fator é que as pessoas precisavam resolver problemas usando blocos menores de informação e estratégias menos eficientes que as atuais. Fazer uma divisão utilizando algarismos romanos é muito mais difícil, demanda mais tempo etc. Por outro lado, talvez eles estivessem mais habituados a lidar com alguns problemas práticos no cotidiano, soubessem se orientar melhor pela posição dos astros, conhecessem estratégias para caça melhor que a média de uma pessoa moderna. Se o teste fosse baseado em capacidade para sobreviver na selva, deixando a pessoa nua e sem nenhum recurso, talvez ainda assim as pessoas modernas levassem vantagem. Porém se considerar o maiores expoentes da cultura grega em comparação aos maiores expoentes da civilização atual, talvez a comparação ficasse bastante equilibrada. Acho difícil que alguma pessoa viva seja mais inteligente que Arquimedes, por exemplo, embora a população mundial naquela época fosse 1/20 da atual, portanto a pessoa mais talentosa numa população muito maior deveria ter algumas frações de desvio-padrão a mais do que numa população menor. Por isso, embora o QI médio fosse menor, em praticamente todos os aspectos, qualquer que fosse o método utilizado para medir (claro que com alguns métodos a desvantagem seria maior do que com outros), quando se compara o QI dos maiores gênios daquela época com os maiores gênios da atualidade, talvez não haja diferença estatisticamente significativa. Isso, claro, depende tb de como será feita a medição. Supondo que houvesse um método fisiológico de medir a eficiência do cérebro de forma direta, em vez de um questionário que será fatalmente influenciado por fatores culturais, então creio que haja menos de 50% de probabilidade que exista alguém vivo mais inteligente do que foi Arquimedes. Estou citando Arquimedes pq talvez ele tenha sido o maior gênio da Antiguidade, mas Euclides e Aristóteles também poderiam servir razoavelmente nessa comparação.
-
Como posso reconhecer a pessoa mais inteligente de uma classe?Se 3 alunos ficarem calados, qual dos 3 é o mais inteligente da sala? Acho interessante como respostas poéticas e emotivas, independentemente de terem algum fundamento ou serem boas representações da realidade, acabam recebendo uma avalanche de likes. Por exemplo: eu achei bem legal essa resposta do Júlio Cesar, mas infelizmente ela não funcionaria bem. Seria altíssima a probabilidade de falhar, mas por ser uma resposta impactante, as pessoas gostam, sem se preocupar muito se funcionaria de fato. A conduta descrita (do guepardo) tem relação muito mais com traços de personalidade do que de inteligência. Em geral, a descrição está correta, e funcionaria para uns 20% dos casos numa classe com 40 alunos. Um método com 80% de erros é muito ineficiente e preocupante. Lembrando que existe uma probabilidade bastante alta de que nenhum dos alunos atenda ao critério, ou mais de um pode atender, e nesse caso não foi descrito como decidir qual deles seria o mais inteligente. Tb pode ocorrer de alguns dias alguns alunos atenderem ao critério, em outros dias não atenderem. Isso indicaria que deixaram de ser os mais inteligentes? Um método claramente mais eficiente seria com um procedimento convencional, aplicando um teste cognitivo devidamente normatizado. Mas isso não é muito prático, pq exigiria um psicometrista. Para resolver utilizando exclusivamente os recursos disponíveis em sala de aula, a segunda melhor maneira seria considerando o desempenho nas disciplinas com correlação mais forte com QI, que são Matemática, Física e Redação. Pode ocorrer que algumas crianças muito inteligentes apresentem baixo desempenho em quase todas as disciplinas, mas raramente elas têm notas baixas em Matemática e Física, pq são disciplinas muito simples e não exigem decorar quase nada. Basta pensar para resolver, usando pouco conhecimento e generalizando para uma grande variedade de casos. Se vários alunos tiverem notas igualmente altas nestas disciplinas, então o menos esforçado e menos dedicado provavelmente é o mais inteligente, por conseguir mesmo resultado utilizando uma fração menor de seu potencial.
-
O que limita uma pessoa com QI médio a pensar criticamente como a população com QI mais alto?São muitos fatores. Esse efeito pode ser analisado de maneira mais objetiva e didática no Xadrez, inclusive pela possibilidade de comparação entre engines com diferentes níveis de jogo, sobre as quais se pode conhecer detalhes do algoritmo e do hardware. Um dos fatores determinantes na força de jogo de uma engine de Xadrez é a velocidade do processador. Antes de prosseguir, para que se possa ter uma melhor ideia quantitativa da situação, pode-se converter QI em rating de Xadrez e vice-versa, usando aproximadamente a equação de Bill McGaugh, entre outros métodos, em que o QI 100 corresponde a cerca de 1282 de rating, e para cada ponto adicional de QI soma-se 17,3 pontos de rating. A correlação entre QI e rating não é muito forte, por isso pode ocorrer de uma pessoa com QI perto de 200, como Einstein, ter rating perto de 1500, enquanto uma pessoa com rating 2500 ter QI 140, por exemplo. Além disso, para engines especializadas em Xadrez a conversão não faz sentido, mas só para se ter uma noção aproximada do que representam as diferenças de forças das engines. Há engines com rating desde cerca de 300, como LaMusca, até cerca de 3700, como Stockfish 12 NNUE. Uma engine que jogasse lances aleatórios teria cerca de -3400 a -4000 (3700 negativo), portanto há vários outros níveis possíveis, e o mínimo não é 0. O mesmo se aplica ao QI, o mínimo não é 0, pq a escala não é de proporção. Uma engine com 2500 de rating (como Fritz 5) rodando num hardware 2 vezes mais rápido, terá cerca de 2550, se for 4x mais rápido, terá 2600, se for 8x mais rápido, 2650 etc. Essa proporção de aumentar cerca de 50 pontos no rating a cada dobra na velocidade não é igual para todas. Algumas podem ganhar mais de 70 pontos a cada dobra, enquanto outras podem ganhar menos de 30. Mas em média é cerca de 48 pontos. Também a variação pode não se manter constante. Por exemplo: para 1x a 8x pode ganhar cerca de 50 pontos a cada dobra, mas de 16x a 256x pode ganhar 45 pontos a cada dobra. Depende também do ritmo de jogo. O importante que precisa ficar claro sobre isso é que o papel do hardware não é o principal. Os antigos programas de Shannon e Turing, dos anos 1950, com pequenas correções para que funcionem, teriam rating em torno de 1400 em um Core i7 3770k, enquanto StockFish 12, mesmo q fosse colocado num antigo PC XT 12 MHz ou um 286, ainda teria mais de 2500 de rating. Isso mostra que a heurística utilizada, os critérios para aprofundar ou não nas ramificações da árvore de busca, os critérios para decidir quais posições são preferíveis e tudo relacionado ao processo decisório acaba tendo peso muito maior do que a velocidade de processamento e a memória ram. Claro, é necessário que a memória ram seja suficiente para carregar os dados necessários, mas a eficiência das heurísticas utilizadas acaba sendo muito mais importante. Por analogia com humanos, se a pessoa conhece muito sobre determinado assunto, e principalmente se conhece métodos de resolver problemas (Polya, Lakatos), isso ajuda muito, mesmo que o cérebro não seja um hardware tão poderoso. Claro q o ideal é combinar as duas coisas. Em vários estudos comparando Grandes Mestres de Xadrez com rating 2600 com fortes jogadores com rating 2100, que descreviam tudo que pensavam durante suas análises de determinadas posições, ficou claro que os GMs não calculavam mais nem mais rápido. A vantagem deles estava principalmente em não perder tempo com alternativas ruins, eles quase intuitivamente descartavam lances ruins e se concentravam nos cálculos das melhores variantes, sem precisar analisar as ruins para constatar q eram ruins. Isso se deve a um conhecimento profundo de várias posições-chave, de modo que ao bater o olho, já conseguem separar o joio do trigo com alta probabilidade de evitar falsos positivos e falsos negativos, isto é, omitir a análise de lances bons e perder tempo na análise lances ruins. O mesmo se aplica a outros campos, como Matemática, Física, Economia, Engenharia e a vida de modo geral. Com a diferença que na vida muitas vezes não existe um lance mais certo que os outros, e quase todas as escolhas podem ser boas, dependendo de como são os detalhes na condução dessas escolhas. Não é errado a pessoa escolher estudar Medicina ou ser piloto de Fórmula I, embora obviamente uma escolha mais compatível com as aptidões seja preferível, mas mesmo que a pessoa não faça a melhor escolha, se ela se dedicar muito, existe a possibilidade de alcançar elevado nível de sucesso mesmo numa área que não seja aquela para a qual possui maior vocação. Além disso, a escolha pode depender mais de a pessoa gostar de determinada atividade do que ter vocação para aquilo, pq se ela tiver vocação, mas não gostar, pode ser muito mais difícil dedicar longas horas ao estudo e aprimoramento, tornando mais difícil alcançar um nível de excelência. Então o que limita uma pessoa com QI 140 a pensar como uma com QI 180 pode envolver fatores fisiológicos e epistemológicos em diferentes níveis.
-
Como fazer para aceitar que é impossível aumentar o próprio QI?Não é impossível. Mas tb não é fácil e há limites até q ponto se consegue aumentar. Atividades intelectuais diversas, como Xadrez, jogos estratégicos em geral, palavras cruzadas, Sodoku, cubo de Rubik, até mesmo compor músicas e poemas, escrever, ler, estudo e resolução de problemas de Geometria, demonstração de teoremas matemáticos e lógicos, são hábitos que podem contribuir. Alguns hábitos são mais eficientes que outros. Em geral, quanto mais esforço exigir o hábito, maior será o ganho produzido. É mais ou menos como exercícios físicos de fisiculturismo. No pain, no gain.
-
Li certa vez que o QI médio brasileiro é cerca de 87. Neste caso, há uma maneira precisa de estimar a raridade de determinados QIs, como 130, 140, 150, etc; entre brasileiros?"Conforme comentou o Leonardo, um dos pontos fundamentais é verificar em que medida se pode confiar nesses resultados. Nos EUA e em vários países europeus e asiáticos se tem uma cultura de aplicação de testes que possibilita estabelecer normas baseadas em milhões de pessoas. No Brasil as amostras são muito pequenas e os riscos de apresentarem distorções são maiores. Além disso, é comum que as normas sejam malfeitas. O BPR-5, por exemplo, no manual de aplicação recomenda que os monitores não aceitem planilhas de respostas em branco, mas uma análise estatística dos escores mostra que dezenas de pessoas entregaram respostas em branco e uma quantidade bem grande de pessoas chutaram todas as alternativas. Isso é facilmente detectado quando a distribuição dos escores apresenta um comportamento como o do gráfico a seguir (estes dados não são do BPR-5, é um exemplo com dados sintéticos gerados para exemplificar o problema, mas são bastante semelhantes ao problema real presente no BPR-5 e em vários outros testes): Em que há visivelmente duas distribuições misturadas: uma normal com média 100 e desvio-padrão 16 contendo cerca de 90% dos sujeitos da amostra e outra com média 30 e desvio padrão 11 com os 10% restantes. Geralmente a segunda distribuição é uma binomial (ou uma mistura de uma normal e uma binomial), gerada pelos chutes aleatórios numa prova de múltipla escolha por pessoas que não tentaram resolver nenhuma das questões, ou tentarem bem poucas e chutaram a maioria. Nesse exemplo a média do grupo inteiro foi para 93 e o desvio padrão foi 25, mas isso não significa que se poderia fazer uma modelagem decente usando média 93 e desvio padrão 25, pois nesse caso a maior concentração de dados estaria perto de 93, que é visivelmente destoante dos fatos (os dados estão concentrados em torno de 100). Um procedimento melhor seria usando biweight de Tukey para determinar a tendência central, em vez de usar a média aritmética. Com isso a média ficaria em 99,2, bem mais perto da correta, porém o desvio padrão de Tukey ainda estaria muito prejudicado, perto de 21. Um procedimento melhor seria investigar a distribuição real dos dados, em vez de assumir que se trata de uma distribuição normal, e então calcular os parâmetros das duas ou mais distribuições que, combinadas, descrevem os dados. Com isso poderia calcular com razoável precisão a raridade de cada nível de QI, mas ainda ficaria limitado pelo teto de dificuldade dos testes utilizados e outras propriedades da amostra e do teste, que geralmente distorceriam as taxas de ocorrências de QIs acima de 130 ou 135. Nesse exemplo, como a distorção afeta quase exclusivamente a cauda esquerda, poderia usar média 100 e desvio padrão 16 como boa aproximação para os escores acima de 100. No caso do Brasil, eu não conheço os dados brutos que produziram a média 87, mas suspeito que a probabilidade de apresentar esse tipo de viés, entre outros vieses, é bastante alta. Acho difícil que essas distorções expliquem inteiramente uma diferença de 13 pontos. Seria necessário ter acesso aos dados para tentar interpretar o que pode ter gerado esse resultado. Portanto, mesmo que fizesse uma boa modelagem, o melhor que se poderia fazer, com amostras suficientemente numerosas, seria determinar as porcentagens de frequências de pessoas com performances de 140, 150, 160 etc. nos testes utilizados, mas não assegurar que esses escores (acima de 135) representariam os QIs "verdadeiros" dessas pessoas. Há mais alguns comentários e desdobramentos sobre essa questão que podem ser encontrados aqui: https://pt.quora.com/Li-certa-vez-que-o-QI-m%C3%A9dio-brasileiro-%C3%A9-cerca-de-87-Neste-caso-h%C3%A1-uma-maneira-precisa-de-estimar-a-raridade-de-determinados-QIs-como-130-140-150-etc-entre-brasileiros
-
Se pessoas com QIs altos são tão inteligentes, porque então eles tem dificuldade com habilidades sociais?"Para começar "por que" deveria ser separado, "eles" não concorda com "pessoas" e "têm" deveria ter acento circunflexo. Na verdade, não são as pessoas com QI alto que não tem habilidades sociais. Geralmente têm habilidade acima da média, porém para que possam interagir de maneira saudável e estimulante, precisam de que as outras pessoas do meio sejam igualmente inteligentes, cultas, educadas e com interesses em comum, mas como a grande maioria da população não atende a estes quesitos (o que é um problema da maioria, não das pessoas com QI alto), essa incompatibilidade acaba dificultando a socialização. É um erro grave achar que são as pessoas de QI alto que não socializam com as de QI mais baixo, quando na verdade são as de QI mais baixo que não conseguem socializar com as de QI mais alto, pois normalmente só se interessam por assuntos fúteis. Geralmente pessoas inteligentes se interessam por problemas práticos sobre os quais podem contribuir efetivamente na resolução, e assim melhorar o mundo para todos, inclusive para aquelas de QI baixo. Enquanto as pessoas com QI mais baixo gostam de defender com fanatismo suas crenças religiosas, seu time de futebol, sua marca favorita de cerveja e seus políticos favoritos, criticam a aparência das outras, a roupa das outras, a vida sexual das outras, ostentam riqueza (algumas vezes até sem ter) e outras frivolidades, não aceitam quando estão erradas, não compreendem os argumentos que lhes são apresentados etc. Não é possível socializar de maneira saudável com pessoas assim, por isso elas socializam entre si de forma deletéria e improdutiva, enquanto as pessoas mais inteligentes preferem não interagir com pessoas tóxicas desse tipo, sendo muito mais salutar se isolar do que se deixar intoxicar pela vulgaridade intelectual e moral da maioria. Nesse contexto a Internet acabou desempenhando um papel muito interessante, porque como as pessoas mais inteligentes são mais raras, geralmente só existe 1 pessoa com QI acima de 135 numa sala de aula, só uma acima de 155 numa escola inteira, só uma acima de 170 numa cidade de médio porte, então a probabilidade de duas pessoas com QI alto se conhecerem por morarem perto ou estudarem juntas é baixa, mas com a Internet acabam sendo criados grupos que unem pessoas com interesses em comum e isso acaba atenuando esse problema, permitindo que pessoas geograficamente muito afastadas possam interagir e eventualmente socializar.
-
Pessoas corajosas costumam ter QI superior a média ou a inteligência superior a média é que os faz serem mais ousados?Não sei se existe essa relação. Mas geralmente pessoas mais inteligentes fazem melhores estimativas da relação entre risco e recompensa, o q pode às vezes parecer coragem, qd na verdade é apenas uma avaliação mais correta da situação, enquanto a grande maioria tem a ilusão de q é bom evitar riscos ao máximo.
-
Existem perguntas que somente pessoas com um QI acima de 130 conseguem responder?Em Teoria de Resposta ao Item a dificuldade de uma questão se mede pela probabilidade de ela ser respondida por pessoas com diferentes níveis intelectuais, e os níveis intelectuais se mede pela capacidade de responder a perguntas com diferentes níveis de dificuldade. Nenhuma pergunta tem probabilidade 0 de ser respondida corretamente por pessoas com QI infinitamente negativo, já que até um chimpanzé digitando aleatoriamente numa máquina de escrever teria probabilidade maior que 0 de escrever toda a obra de Dostoievsky ou Shakespeare. Mas quanto maior a diferença positiva entre a dificuldade da pergunta (medida em QI médio dos acertadores) e o QI da pessoa que tenta responder, menor será a probabilidade de tal pessoa dar uma resposta adequada.
-
Testes de QI são confiáveis ou é pseudociência?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: A maioria dos ramos da psicologia é pseudociência (na acepção de Popper). A Psicometria é uma das raras exceções. Portanto não é pseudociência. Quanto a serem "confiáveis", depende. Há muitos testes de QI diferentes, com diferentes qualidades de conteúdo e padronização. Em 2004, só no Brasil, havia mais de 100 testes aprovados para uso pelo CFP. Na Europa e nos EUA havia mais de 800 testes. Isso só falando dos testes reconhecidos pelas entidades reguladoras nos respectivos países. Estima-se que o número de testes não aprovados para uso, circulando pela internet, seja entre 10 e 100 vezes maior. Mesmo entre os testes aprovados, a grande maioria é de qualidade precária, com erros nos gabaritos, erros na padronização, entre outros problemas. Apesar disso, mesmo os piores testes de QI são muitíssimo melhores que as avaliações subjetivas feitas pelas pessoas que criticam os testes de QI. Por piores que sejam os testes, eles passaram por estudos estatísticos razoáveis, foram seguidos diversos protocolos da Teoria Clássica dos Testes ou da Teoria de Resposta ao Item, foram aplicados a uma amostra com pelo menos algumas centenas ou milhares de pessoas etc., enquanto as pessoas q criticam os testes preferem o simples achismo, q é a opinião pessoal delas ou das pessoas que comungam as mesmas crenças que elas. Ironicamente, essas pessoas que adotam uma postura completamente pseudocientífica, acusam os testes de QI de serem pseudocientíficos. Há muitas falhas na maioria dos testes de QI, e até os melhores testes apresentam erros relativamente graves, e ao longo dos anos estão sendo aprimorados. É um aprimoramento muito lento, mas é o que se tem disponível para avaliações objetivas. Além disso, se comparar os testes de QI com exames escolares e universitários, a qualidade dos testes de QI é muitíssimo superior, em praticamente todos os aspectos. Sugiro a leitura do livro de Anne Anastasi "Testagem psicológica" ou de Luiz Pasquali "Psicometria", sobre como se constrói um teste de QI, passo-a-passo, todos os procedimentos seguidos e os cuidados tomados para tentar assegurar que a variável medida seja aquela q se deseja medir, que a escala adota tenha as propriedades estatísticas desejadas, entre outros atributos. É um processo muitíssimo mais criterioso do que a elaboração de provas universitárias das principais universidades do Brasil, q são literalmente "nas coxas". Os vestibulares já utilizam métodos melhores, com qualidade comparável à dos melhores testes de QI, embora eventualmente apresentem algumas falhas. O vestibular da Fuvest de 2004, por exemplo, teve um item (questão 1 da prova de Língua Portuguesa) que media o oposto do que se desejava, favorecendo os alunos com menos conhecimento e prejudicando os que tinham mais conhecimento: https://www.sigmasociety.net/artigos
-
Quais livros de assuntos gerais foram úteis para você e podem ser assimilados e proveitosos para uma pessoa de QI 90, meu caso?"Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Não acho que seu QI seja 90. Provavelmente se fizer um teste mais bem normatizado, deve obter escore bem mais alto e realista. Acho que de maneira genérica, seria recomendável ler livros sobre temas que lhe agradem. No meu caso, gosto de Astronomia, Cosmologia, Astrofísica, História da Ciência, Estatística, Xadrez, Psicometria, Ciência Cognitiva, Física de Partículas, Filosofia, Psicologia etc. Acho que sobre Astronomia tem "Problemas y ejercicios practicos de Astronomia", de Vorontsov e Veliaminov, e tem um PDF do Gastão Bierrenbach Lima Neto chamado "Astronomia de Posição", que são bastante interessantes. Tem também 2 cursos com mais de 30 aulas cada, do João Steiner, q vc pode encontrar no YouTube. Tem o seriado Cosmos, do Sagan, e o livro com mesmo nome, tem o remake do Cosmos de 2014 a segunda temporada em 2020. Tem o livro "Os Planetas" de André cayeux e Serge Brunier, Tem alguns do Asimov (Saturno, Alfa Centauri). Sobre Cosmologia tem "Os três primeiros minutos", do Weinberg, tem "Uma breve história do tempo" e "Universo numa casca de noz", do Hawking, tem "O colapso do Universo" do Asimov. Sobre História da Ciência tem "Gênios da humanidade", do Asimov, tem os livros do Roberto de Andrade Martins, sobre a história Teoria da Relatividade, sobre Copérnico (Commentariolus), sobre Aristóteles, e as palestras dele no YouTube. Sobre Estatística tem "Uma senhora toma chá", "O andar do bêbado", "Rápido e devagar, duas maneiras de pensar", "Freakonomics". Sobre Psicometria tem o "Testagem psicológicas" da Anne Anastasi, "Psicometria" do Luiz Pasquali, o livro TRI do Frank Baker. Sobre Ciência cognitiva tem "Como a mente funciona", do Steven Pinker. Sobre Física de Partículas tem o já citado "Os três primeiros minutos", "Superforça", "Buracos brancos", "Cebola cósmica", q tb podem ser classificados como de Cosmologia/Astrofísica. De Xadrez tem "Xadrez Básico", "Manual de Xadrez de Idel Becker", "Lições elementares de Xadrez" do Capablanca, "Tratado general de ajedrez" do Grau, "Estratégicas Vitoriosas" do Seirawan, tem o livro com 5334 exercícios de tática do Laszlo Polgar.
-
O QI de uma pessoa que era considerada genial pode decrescer com o tempo?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Os QIs de todas as pessoas, geniais ou não, geralmente começam a diminuir por volta dos 45 anos. Em algumas pessoas esse processo começa mais cedo, em outras mais tarde. Isso se pode observar na curva de QI do WAIS por faixa etária, embora não seja a mesma coisa, pois não considera as mesmas pessoas ao longo do tempo, mas sim amostras aleatórias de pessoas de diferentes faixas etárias, portanto precisaria descontar o efeito Flynn e fazer alguns outros ajustes. Lembrando que essa curva é baseada na média das pessoas por faixa etária. Se considerar individualmente, algumas podem continuar aumentando o QI por quase toda a vida, ou pelo menos manter a performance sem cair. Embora não haja estudos sobre isso monitorando continuamente as mesmas pessoas, e aplicando testes periodicamente, mesmo pq se os testes fossem os mesmos, algumas pessoas se lembrariam das respostas, e se os testes fossem diferentes seria difícil assegurar q as medidas fossem equivalentes. Apesar disso, a medição pode ser feita usando rating de Xadrez, q embora não tenha correlação muito forte com QI quando se compara pessoas diferentes, a correlação fica muito mais forte quando se considera as variações de inteligência numa mesma pessoa. Por isso a evolução do rating ao longo do tempo pode ser usada como boa referência para evolução da inteligência em função da idade, lembrando que nos primeiros anos, como há uma grande variação no conhecimento, o rating acaba sendo muito influenciado também por essa variável, mas depois dos 20–25 anos o conhecimento passa a desempenhar um papel secundário e o fator determinante é a inteligência. Os gráficos abaixo mostram a evolução do rating de Tarrasch, Capablanca e Steinitz: Pode-se notar que atingiram o auge em pontos diferentes, entre 30 e 40, e o ritmo de queda tb é diferente, mas são curvas bastante semelhantes, e representam a maioria das pessoas. Mas há exceções, como Philidor, Kortchnoj, Lasker, Mieses, Alekhine etc. Os gráficos a seguir mostram os casos de Alekhine e Lasker: No caso de Lasker, atingiu seu auge depois dos 45 e manteve-se num nível muito alto até perto dos 60, com força similar à que tinha as 25. Alekhine continuou se desenvolvendo rapidamente mesmo depois dos 35.
-
Tenho pouco QI cerca de 81, o que isso significa?"Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Ignore as respostas do Tiago e da Maria. A Maria está bem intencionada, mas não sabe como ajudar e está distorcendo os fatos, e negar a realidade só piora as coisas. É necessário compreender os fatos para lidar adequadamente com eles. O Tiago não sabe o q está dizendo e ainda por cima fez vários comentários que, além de nocivos, não estão em conformidade com a realidade. Em primeiro lugar, seria necessário fazer mais alguns testes para conferir se realmente esse resultado é acurado. Tenho um tio q aos 11 anos foi examinado e obteve idade mental de 8, o que daria 72 de QI, mas desconfio q tenham ocorrido falhas na medição, ou ele talvez não estivesse disposto, entre outras possibilidades. Se eu tivesse q estimar o QI dele, diria q é perto de 120, mas ele nunca fez outros testes para verificar isso, o q tb não faz diferença, pq ele acabou tendo uma vida razoavelmente satisfatória, conforme as prioridades e interesses dele. Lembrando que o QI médio no Brasil é cerca de 87, portanto não está muito longe da média no Brasil. O ponto mais importante é se vc está conformado com isso ou se quer, dentro do possível, fazer o seu melhor. Se estiver conformado, pode parar de ler por aqui. Se quiser ser o melhor possível, pode começar verificando se esse escore está razoavelmente acurado. Supondo que o resultado se confirme em diferentes testes, ou resultados similares, significa q talvez precise se esforçar mais que outras pessoas para conseguir os mesmos resultados que elas e mais ainda para superá-las. Em quase todas as atividades mais comuns, a dedicação e o esforço pessoal acabam sendo fatores mais importantes para determinar o nível de excelência do que o talento. Minha namorada já foi acima do peso, levemente obesa, mas atualmente ela tem 54 cm de cintura, porque ela se esforça muito para isso, e tem o corpo melhor que a maioria das misses universo. Conheci uma modelo chamada Stephanie Zanelli, q estava muito acima do peso, e foi se candidatar a um concurso de miss numa pequena cidade de MG chamada Ubá. Os organizadores do evento não aceitaram a inscrição dela e ainda riram por ela querer concorrer. No ano seguinte ela foi treinar intensamente, perdeu 27 kg, então aceitaram a candidatura, ela venceu o concurso de Ubá, venceu o concurso estadual, e só não venceu o miss Brasil pq não aceitou certos "acordos" com os organizadores. Um dos maiores cientistas do século XX foi Richard Feynman. Quando ele fez seus primeiros testes de QI, obteve um escore muito menor que os estudantes de Princeton e muitíssimo menor que a média dos ganhadores do Nobel. Apesar disso, ele foi um dos cientistas mais brilhantes daquela instituição e foi laureado com o Nobel de Física em 1965. Há outros exemplos similares nos quais a pessoa consegue chegar perto de seus limites se esforçando muito e surpreendendo as pessoas q não esperavam tanto dela. Thomas Edison dizia que o sucesso se faz com 1% de inspiração e 99% de transpiração. Há 35 comentários em complemento a essa resposta. Quem tiver interesse, pode encontrar em https://pt.quora.com/Tenho-pouco-QI-cerca-de-81-o-que-isso-significa
-
Vale a pena saber o seu QI? Qual o ponto positivo disso?Resposta de Hindemburg Melão Jr.: Depende de quanto você acha que será o resultado e de como você costuma reagir a informações positivas e negativas. Algumas pessoas, ao descobrir que possuem QI muito acima da média, tornam-se preguiçosas e arrogantes, porque não precisam se esforçar para atingir as metas tipicamente cobradas nos estudos e no trabalho, além de se acharem melhores que as outras. Outras pessoas, ao descobrir que possuem QI muito alto, tornam-se muito mais dedicadas e humildes, porque acham que receberam como presente esse dom e o presente vem acompanhado de uma grande responsabilidade, de fazer algo grandioso, para não desperdiçar o talento recebido. No resultado oposto, ao descobrir que possuem QI abaixo da média, algumas pessoas se tornam retraídas (ou mais retraídas do que já eram), deprimidas, sentem-se inferiorizadas. Outras, ao descobrirem que têm QI abaixo da média, começam a se esforçar ao extremo para tentar mudar isso, e conseguem muitas vezes realizar mais do que pessoas com QI bem mais alto do que o delas, porém menos esforçadas. No filme GATTACA se pode ver uma dramatização bastante interessante de uma situação assim. E na vida real há alguns casos também, entre os quais talvez os mais famosos seja de Einstein e Edison. Einstein demorou para começar a falar (algumas fontes citam que teria começado aos 4 anos), e apresentava baixo desempenho na escola, chegando a ser considerado retardado por um professor de latim. Outro caso interessante é o de Feynman, que obteve escore 123 num teste de QI, que não é baixo, mas é MUITO mais baixo que a média dos ganhadores de prêmio Nobel, e poderia tê-lo desmotivado de sonhar com algum prêmio desse nível, e de fato, segundo ele, nunca teve essa pretensão, mas simplesmente foi conduzindo suas pesquisas e acabou sendo laureado com um Nobel, além de ser reconhecido como uma das pessoas mais brilhantes do século XX. Então saber ou não o QI pode ser positivo ou negativo ou indiferente, dependendo de como você vai lidar com isso. Assim como saber ou não outras informações depende de como você costuma reagir a elas. Em geral, no meu caso, considero sempre positivo obter o máximo de informações possíveis sobre tudo, especialmente quando se trata de autoconhecimento, em vez de preferir ignorar para não me frustrar. Se uma namorada estivesse me traindo, se eu tivesse uma doença grave etc., eu preferia saber para tomar as devidas providências conforme os fatos, em vez de preferir ignorar para não sofrer de imediato, mas com risco de consequências bem piores no futuro.
bottom of page